terça-feira, 30 de outubro de 2012
Homenagem de Francisco José Viegas a Manuel António Pina
As
nossas lágrimas folheiam os teus livros de Francisco José Viegas
A poesia, meu querido
Pina, ao contrário do que um dia a tua ironia deixou escrito num dos teus
poemas mais perfeitos, não vai acabar. Vai continuar a ser aquilo que foi a tua
vida: a celebração de uma beleza rara e inóspita, inacessível a todos os
aborrecidos que nunca nos vencerão, que nunca te venceram. Nunca te
esqueceremos. Plantaremos uma árvore em teu nome. Diremos um poema em teu nome.
Daremos estes dias em teu nome. Celebraremos o que nunca vamos esquecer: o teu
coração dedicado à poesia, aquilo que nunca se pode dizer, de tão frágil e mudo
que é. “Farewell Happy Fields”. Neste momento, nenhuma palavra que dissermos
vale a pena. Temos apenas as tuas. Os teus versos, a tua beleza incandescente,
irónica, suave, amorosa. O resto são as nossas lágrimas, que folheiam os teus
livros, a nossa grande necessidade dos teus livros e de tantos versos que
decorámos para que a vida tivesse um sentido e acaba por não ter. Escreveste
“estávamos a precisar de solidão, / de silêncio, de geometria/ e as nossas
lágrimas de uma grande razão.”
Fico tão só, fico tão
triste, fico tão abandonado, ficamos tão abandonados, ficamos tão sós. Mas em
tudo o que escreveste fica a grandeza da nossa língua e a beleza rara e difícil
das coisas a que nunca deste um nome. Contigo aprendemos quase tudo sobre a
grande arte. Aprendemos a medida do verso e a necessidade de nunca deixar de
rir. Aprendemos que nunca é tarde, afinal; que nunca deixarás de regressar às
nossas estantes, ao nosso coração, à leveza que nos mostraste, ao caminho no
meio das florestas. Aprendemos a esperar. Aprendemos a olhar. Aprendemos a ver
em ti uma honestidade belíssima e inimitável. Aprendemos que somos aprendizes
da tua capacidade de verificar a beleza das coisas e dos seus mistérios e que,
às vezes, eles se reduzem a um verso que se aproxima tão perto da beleza – que
queima, que nos deixa em transe sobre a terra, que fica gravado em qualquer
lado do nosso desespero, agora que partiste. Deixando-nos tão sós, tão sós, tão
perdidos, tão perplexos, meu amigo.
Francisco
José ViegasSecretário de Estado da Cultura
Texto publicado no Jornal de Notícias
no dia 12 de Outubro de 2012.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Mês Internacional da Biblioteca Escolar
Aos colegas do 1º
ciclo e aos educadores de infância
A equipa da biblioteca da escola,
mais uma vez, em parceria com os educadores de infância, os professores do 1º
ciclo, os professores de português e os diretores de turma, aderiu à celebração
desta efeméride com uma mão cheia de iniciativas, em que a leitura e a escrita
são protagonistas. Mas para que ganhem a importância merecida, necessitam da
colaboração de todos.
Desta forma, apelamos:
. à colaboração
no concurso de escrita criativa “Uma História a quatro mãos”, uma iniciativa
concelhia de escrita criativa e colaborativa que arranca dia 22 de
Outubro, dia da Biblioteca Escolar, e
que percorrerá todas as escolas do concelho, para que todos os alunos do 4º ano
possam colaborar na construção de uma história partilhada. Para isso, as
escolas interessadas deverão inscrever-se até às 10 horas de 22 de outubro, via
correio eletrónico para natercia.simoes@cm-figfoz.pt, indicando
obrigatoriamente o nome e o contato do responsável pela turma participante.
As
inscrições remetidas fora do prazo e as que não cumpram os pressupostos acima mencionados
poderão vir a ser consideradas, após análise, caso a caso.
. à colaboração no concurso de
desenho “ A Biblioteca da Minha Escola”, dirigida aos alunos dos jardins de
infância e 1º ciclo. A representação gráfica da forma como veem a biblioteca da
escola reforça os laços afetivos com o
universo dos livros e da leitura.
. à colaboração nas sessões de
leitura em torno dos livros selecionados para a itinerância de leitura neste
mês em que a biblioteca assume maior destaque.
. à colaboração na tournée de
leitura pelo editor da Bruáa, Miguel Gouveia, a partir do livro “ O tigre na
rua e outros poemas”.
.à divulgação, junto dos alunos e
encarregados de educação, dos recursos digitais do blogue da biblioteca escolar
A professora bibliotecária
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Os Ciganos, um conto de Sophia de Mello Breyner
Era uma vez uma casa muito arrumada onde morava um rapaz muito desarrumado.
E o rapaz tinha a impressão de que não era feito para morar naquela casa.
Ali os relógios estavam sempre certos mas ele andava sempre atrasado.
Ele esquecia-se da bola na sala e dos livros no jardim. Ele deixava a caneta na cozinha, os sapatos no corredor; o relógio no lavatório. Porque jogava à bola na sala, lia no jardim, escrevia em toda a parte, despia-se no corredor e só se lembrava de tirar o relógio quando já estava dentro do banho.
Por isso todos ralhavam com ele e ele pensava:
- Esta casa é um tribunal.
Havia horas certas para tudo, leis, regras, lugares para pôr as coisas. (...) - reproduzido de Porto Editora.
Assim começou Sophia de Mello Breyner Andresen o conto intitulado Os Ciganos. Mas o conto permaneceu inacabado e inédito no espólio de Sophia até 2009. Até que o neto, Pedro Sousa Tavares, aceitou terminar o conto à sua maneira. Danuta Wojciechowska encarregou-se das ilustrações. O livro foi apresentado ontem na Livraria Bertrand-Chiado, em Lisboa.
Texto: Sophia de Mello Breyner Andresen e Pedro Sousa Tavares
Ilustração: Danuta Wojciechowska
Porto Editora
64 págs., 18,80 euros
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Subscrever:
Mensagens (Atom)