terça-feira, 31 de maio de 2011

Livros cujos protagonistas são pintores

Eis alguns livros sobre a vida e a obra de alguns dos mais conhecidos pintores da história da pintura universal que podes ler na biblioteca da tua escola e do teu agrupamento.  Aproveita as férias que se aproximam e desfruta de um destes livros na Casa dos Livros do Infante D. Pedro.


Uma biografia livre da vida do grande pintor Marc Chagall, das origens humildes no bairro judeu de Vitebsk,a sua cidade natal na Rússia, até à fama e reconhecimento mundiais. Em criança, Moshe Segal vivia encantado com o bairro judeu de Vitebsk, onde vivia.Observava os músicos, os rabinos, as cabras e as galinhas, o avô que subia ao telhado para comer cenouras.Quando cresceu, tornou-se o pintor Marc Chagall. Sem nunca deixar de reviver todas as suas memórias, deu-lhes vida nos seus quadros vivos e cheios de cor.


Quem era Gustav Klimt? Todos sabem que pintava quadros sumptuosos decorados a ouro, com personagens capazes de exprimirem múltiplos sentimentos. Como ele não gostava de falar sobre a sua obra e da sua vida, deixemos que seja o seu gato a falar por ele...


De um modo extraordinariamente integrado, aproveitando com sensibilidade e inteligência cada pormenor, a dupla de italianos entreteceu texto e imagem numa luxuosa tapeçaria que inventa sonhos e infância para Giotto di Bondone (1267-1337), o revolucionário pintor florentino. Muita da riqueza deste trabalho está no cabal aproveitamento de cada componente do objecto livro. Logo as primeiras páginas de guarda, em geral simples zona de respiração, contêm, além de um rodapé de ilustrações, o aviso: «Giotto nasceu há mais de 700 anos, perto de Florença. Da sua infância só se sabe que era um pastorinho e, da primeira juventude, que foi discípulo do Cimabue. Tudo o resto é lenda, como esta história».
 in Casa da Leitura

Adaptação, para o público infanto-juvenil, da biografia de Leonardo Da Vinci, esta narrativa dá especial destaque ao génio inventivo do criador, ao mesmo tempo que procura revelar a sua profunda humanidade e a atenção que dedicava aos outros e ao mundo que o rodeava. Ao colocar Leonardo a interagir com um jovem criado, uma criança ainda, o narrador sublinha a dimensão pedagógica do inventor e do artista que tenta explicar aquilo que observa e a forma como pretende deixar a sua marca no mundo. Ao acompanhar alguns dos anos mais produtivos de Leonardo Da Vinci, a narração apresenta-o como homem polifacetado, cujos interesses diversificados ainda hoje fazem dele um cientista e um artista ímpar. As ilustrações procuram recriar, com expressividade e algum pormenor, o contexto da personagem central, dando especial relevo à recriação das suas obras, escritos e pensamentos.
Ana Margarida Ramos, in Casa da Leitura


Recriação poética da biografia de Leonardo Da Vinci, Mestre Da Vinci, de José Jorge Letria é uma homenagem a uma das figuras mais relevantes – e também mais complexas – da História da Civilização Europeia. Com trabalho relevante no domínio das ciências e das artes, Leonardo representa a figura do humanista e do sábio do Renascimento, revelando-se completo. Num discurso acessível, também em resultado da opção pela narrativa versificada, o autor recria alguns dos aspectos mais relevantes da vida e a obra deste pensador, humanizando e dando-o a conhecer aos leitores mais pequenos.
Ana Margarida Ramos, in Casa da Leitura







Uma forma simples e agradável de conhecer o percurso do pintor Pablo Picasso. Um pequeno texto que se lê num ápice e que nos dá conta do significado da pintura, do sentido que adquire como forma de expressão do mundo em alguém que possui talento e sensibilidade para exprimir  com a cor, a tela e os pincéis a emoção da vida

Um viagem no Expresso Polar

No Crepitar da Chama














Cintilam hoje os vitrais nas igrejas

Descansa a natureza embranquecida

No céu escuro acordam as estrelas…



E uma luz mais viva e brilhante

Aponta-nos a estrada luminosa

À qual se rende o coração humano

Perdido em labirintos lacrimosos.



Há melodias de cristal no ar

Ecos de preces e hinos de esperança

Nas mesas largas, o esplendor das velas

Prepara o culminar da Noite Santa.



O calor da família nos conforta

E talvez mais humanos, mais humildes,

No crepitar da chama nos unamos

Como um botão de flor quase a sorrir.


Manuela Azevedo, in Florilégio de Natal 2007

A Salvação de Wang - Fô de Marguerite Yourcenar numa produção de Michel Noll

A Fuga de Wang- Fô de Marguerite Yourcenar

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Heloísa Prieto, escritora brasileira, lê uma adaptação do conto de Marguerite Yourcenar A Fuga de Wang - Fô para crianças

A Uma Bicicleta Desenhada na Cela de Luís Veiga Leitão

Nesta parede que me veste

da cabeça aos pés, inteira,

bem hajas, companheira,

as viagens que me deste.



Aqui,

onde o dia é mal nascido,

jamais me cansou

o rumo que deixou

o lápis proibido...



Bem haja a mão que te criou!



Olhos montados no teu selim

pedalei, atravessei

e viajei

para além de mim.



Noite de Pedra, Líricas Portuguesas, Portugália Editora, p. 222-223

Biblioteca de Maria Helena Vieira da Silva


MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA [Lisboa, 1908 - Paris, 1992]

Biblioteca, 1949
Óleo sobre tela, 114,5 x 147,5 cm, Museu Nacional de Arte Moderna - Centre Georges Pompidou, Paris, França

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Retrato de Valter Hugo Mãe, feito por Nelson D'Aires, 2010


Outras obras do escritor Valter Hugo Mãe que vale a pena conhecer


História de uma criança de 8 anos, contada na primeira pessoa, que vê o mundo e todas as coisas como manifestações da voz de Deus. É a aventura da candura e da ingenuidade através dos complexos meandros da fé e dos comportamentos humanos. Criado no seio de uma família extensa, o narrador vai assistindo ao esvaziar da sua casa e à dificuldade de explicar esse fenómeno à luz dos supostos desígnios divinos. Entre o profundamente terno e a delicadeza da infância surge uma necessidade de sobrevivência, um engenho maior do instinto humano que é sempre, neste livro, pautado pela necessidade de amar o próximo.


Um dos romances de maior sucesso no ano de 2010 em Portugal, consensualmente elogiado pela crítica.
No país dos silvas poucos serão os que escapam a pensamentos paradoxais de profundo amor pela nação misturados com uma ancestral dúvida sobre se não estaríamos melhor como cidadãos do país vizinho. Entre o dramático da vida, com a idade a descontar o tempo, e o hilariante da casmurrice e da senilidade, este romance é um retrato dos homens que perduram depois da violência mais fracturante.
É um retrato delicado e sensível da terceira idade, com o que acarreta de ideias confusas sobre o passado e sobre o presente.
Há, mesmo depois da tragédia, uma felicidade possível, como se para algumas coisas estivéssemos reservados, contra todas as expectativas, tristezas e frustrações acumuladas.


A história de Maria da Graça e de Quitéria, duas mulheres-a-dias e carpideiras profissionais que, a braços com desilusões e desconfianças várias acerca dos homens, acabam por cair de amores e, com isso, mudar radicalmente o que pensam e esperam da vida. Um romance sobre a força do amor e como ela se impõe como uma espécie de inteligência para salvar as personagens das suas condições de desfavor social e laboral.
Passado na recôndita Bragança, este livro é um elogio à força dos que sobrevivem, dos que trabalham no limiar da dignidade e, ainda assim, descobrem caminhos menos óbvios para a felicidade.


A aventura de Baltazar Serapião em reboliço nos seus amores pela formosa ermesinda, a moça com quem vem a casar e por quem se atormenta de ciúmes. Este é um romance de família e de viagem, em que o estigma de se ter um nome parece explicar à sociedade quem se é e que intenções se tem. Um romance que é também uma aventura de linguagem, procurando ficcionar um português antigo que, não o sendo de facto, crie a ilusão de estarmos ao tempo de uma Idade Média tardia, feita de alçapões morais e uma brutalidade primária, sobretudo cometida contra as mulheres. Este é um livro que procura ostentar o massacre a que historicamente a mulher foi sendo sujeita por uma mentalidade machista dominante.



A poesia de valter hugo mãe recolhida neste volume mostra quinze anos de oficina lírica que, na verdade, foi a grande escola do escritor. São onze títulos aqui incluídos que se revelam muito diferentes pela progressiva narratividade, acentuada nos trabalhos mais recentes, e pela intimidade, ou confessionalidade, que os seus versos começam a assumir. Entre uma ferocidade incondicional e uma vulnerabilidade profunda, a poesia deste autor passa por livros como: útero, pornografia erudita, a natureza revolucionária da felicidade, ou o mais recente título, o inimigo cá dentro.


Informação recolhida no blogue do escritor. Para saber mais sobre o escritor Valter Hugo Mãe, consulte o seu blogue.

As obras de literatura infanto-juvenil do escritor Valter Hugo Mãe lidas pelos alunos na preparação para o encontro com o escritor


Esta é a história de um menino que, desafiado pelo avô, procura conhecer os mistérios da vida. Avô e neto vivem num jogo sem fim de perguntas e respostas, enigmas e soluções, procurando, adivinhando e aprendendo sempre.
Certo dia, o menino fica sem resposta quando o avô lhe pergunta: Quais são para ti as coisas mais belas do mundo? São as coisas de verdade, como tanto quanto se vê e toca, Ou as coisas invisíveis, aquelas que pensamos, sentimos e sonhamos?





Numa casa empoleirada no cimo de um monte careca, vive um menino que passa os dias a olhar os montes vizinhos, medindo ao longe os humores da paisagem. Quando chega a idade da escola, fechado numa pequena sala e perdido entre os lápis e os cadernos, o menino aborrece-se por tudo lhe parecer tão perto. Sente falta da distância que só se encontra nos montes. Não percebe quando a professora lhe explica que um rosto pode conter distâncias infinitas, tão imensas e belas como as da paisagem. Até que repara numa menina que olha para o nada como se visse alguma coisa, e percebe que o rosto começa onde se vê e vai até onde já não há luz nem som.
Um rosto, se prestarmos a devida atenção, pode ser tão grande quanto a alma.


Os habitantes de uma pequena rua vivem muito intrigados com um vizinho que não tem braços e só tem um olho. Acham-no até uma pessoa um pouco distante e antipática.
Mas quando alguém choca, sem querer, com esse homem tão calado, descobre-lhe um sorriso nunca visto.
Afinal, não era nenhum monstro e só estava calado porque os vizinhos não lhe dirigiam a palavra.
Depois de muitas visitas, muitos chás e jogos de cartas, todos na rua acabam por se tornar amigos daquele homem que nem sequer era calado, era apenas um pouco diferente dos outros. Mas quem não é diferente?



Do que se haveria de lembrar o vento quando, por se sentir tão sozinho, decidiu incentivar umas galinholas e uns passarocos a levantar voo. Desta forma, voando por todo o lado, os animais mais leves e ágeis poderiam ser a mais bonita companhia no extenso campo que também é o céu.


As perguntas que os alunos do 7º A da Escola Infante D.Pedro colocaram ao escritor Valter Hugo Mãe

1 - Já conviveu com algumas pessoas como o homem calado? - Joana

2 - O homem que todos consideravam especial, diferente, estranho, tão calado que parecia comer palavras por alimento, consegue impressionar uma senhora vizinha com um sorriso tão simpático que todos ficaram muito irrequietos com aquele acontecimento. Afinal o homem calado revela-se muito amistoso. Em sua opinião esta situação é muito comum, isto é, as pessoas julgarem os outros pela aparência sem terem a oportunidade de conhecer verdadeiramente as pessoas? –  Luís

3 - Qual a razão que o levou a utilizar a alternância gráfica no tamanho das letras no livro “A história do homem calado”? - Tatiana

4 - O nome Gabriel, escolhido para nomear o homem calado, foi casual ou intencional? Haverá alguma semelhança entre ele e o Anjo São Gabriel? - Victor

5 - O vizinho surpreendeu-se com o facto do homem diferente ser autónomo. Na sua opinião, é esta a forma como as pessoas encaram aquelas que têm qualquer tipo de deficiência? - Ricardo

6 - Todos os seres humanos têm direito a uma boa qualidade de vida, mesmo aqueles que têm qualquer tipo de deficiência seja ela motora, visual, mental ou de outra ordem. Esta é também uma das mensagens importantes do seu livro, não concorda? - João Alves

7 - O homem muito calado constitui uma verdadeira revelação para os seus vizinhos, não só porque mostra ser muito simpático, como também surge aos olhos de todos como um homem muito autónomo e ainda como alguém que vai contribuir para o convívio e a felicidade entre todos. Em sua opinião, a amizade e o convívio social são valores muito praticados hoje em dia? - Carolina

8 - A felicidade dos habitantes daquela rua depende do saudável e despreocupado convívio entre todos? Haverá tempo, nesta sociedade tão tecnológica e tão materialista, para a amizade, o convívio social e a felicidade em conjunto? - Alícia



9 -“Assim todos se divertiam durante horas sem pensarem em mais nada senão naquela sensação boa de se fazerem felizes uns aos outros.”Será que as pessoas crescidas só sentem esta sensação boa de se fazerem felizes uns aos outros no tempo do Natal? - Jessica

10 - Em sua opinião, a maior parte das pessoas revela a mesma capacidade de auto-crítica que demonstram os vizinhos do senhor Gabriela ao rirem-se de todos os disparates e preconceitos que tinham no passado em relação a ele? - Zara

11- Qual a razão que o levou a eleger o tema de que as diferenças existentes entre as pessoas não põem em causa nem a amizade nem o amor? – João Ponte

12 – A sociedade consumista e materialista em que vivemos atribui a importância necessária aos valores mais relevantes da vida humana como o amor, a amizade, a felicidade, a generosidade e a gratidão? – Ana Margarida