quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ninguém Dá Prendas ao Pai Natal de Ana Saldanha


Através de um título desafiador, que coloca, de certo modo e à partida, o “mundo às avessas”, que a ficção de Ana Saldanha e as ilustrações de Joana Quental piscam o olho ao pequeno leitor. Neste conto, apresenta-se o Pai Natal como uma figura emocionalmente fragilizada, porque ninguém se lembra dele, opção ficcional bastante inovadora. Nesta narrativa breve marcada por um humor subtil, assistimos à inserção de figuras muito familiares às crianças no mundo imaginário e ficcional onde habita o Pai Natal. Trata-se de um conjunto de personagens resgatadas ao universo literário dos contos maravilhosos e/ou tradicionais, que surgem todas juntas, em plena harmonia a conviver entre si e com o Pai Natal. Assim, depois do problema que o título do livro anuncia e que fará desencadear toda a acção, “entram em cena” o Capuchinho Vermelho, a Gata Borralheira, o João Ratão, a Bruxa da Casinha de Chocolate, a Raposa e o Lobo Mau, cada um deles trazendo um presente (que representa sempre um elemento sígnico distintivo de cada uma delas) para o Pai Natal. O desenlace desta narrativa, à qual não são alheios valores como a união, a harmonia, a solidariedade e a generosidade, é feliz. |
Sara Reis da Silva
in Casa da Leitura

Desejos de Natal de Luísa Ducla Soares


Três belos contos integram este livro de Luísa Ducla Soares: “A Carta para o Pai Natal”, “O Carro Vermelho” e “Na Cova da Moura”. A primeira história é protagonizada por Zeca, um menino órfão que vive numa barraca com o tio Arnaldo, um guarda-nocturno, e que tem grandes dificuldades em acreditar no Pai Natal. Numa noite especial, tem, porém, uma surpresa e acaba por perceber que, afinal, vale a pena não desistir de sonhar. O herói do segundo conto é um menino chinês de oito anos que ajuda os tios numa loja e que se apaixona irremediavelmente por um carro vermelho telecomandado. Acaba, no entanto, por perdê-lo e por ver o seu sonho desfeito. A última narrativa possui como figura central Tino, um menino em idade escolar, representante das muitas infâncias roubadas ou da inocência quase destruída pelo contexto dos bairros sociais. A simplicidade diegética e discursiva destas narrativas, a construção predominantemente dialógica e coloquial, bem como a presença de figuras infantis com as quais o potencial leitor facilmente se identifica são fundamentais do ponto de vista receptivo. As ilustrações, compostas com recurso a cores fortes, em formato extenso e muito expressivas, além de recriarem o universo narrativo, colocando especial ênfase nas personagens e articulando-se, assim, com a componente verbal, contemplam, ainda, aspectos que esta não inclui. | Sara Reis da Silva

in Casa da Leitura

O Natal na Biblioteca de Vila Verde

As monitoras do ATL da escola sede do Agrupamento de Escolas de Buarcos deram vida às imagens de Natal do livro de Ana Saldanha "Ninguém Dá Prendas ao Pai Natal" e do livro de Luísa Ducla Soares "Desejos de Natal". Com o seu empenho e habilidade, ajudaram a criar um ambiente de Natal na Biblioteca do Centro Escolar de Vila Verde, tornando as leituras dos mais pequenos desta escola um verdadeiro presente de Natal.




quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Um Conto de Natal de Charles Dickens

Um Conto de Natal de Charles Dickens, com adaptação e representação da Companhia de Teatro Os Bobos e a Corte, fala-nos de um velho sovina e rabugento (Scrooge) que, em véspera de Natal, é levado numa viagem através do tempo que lhe vai abrir o coração para algo muito mais poderoso que o dinheiro: o Amor, os Amigos e a Família.


ITINERÂNCIA NACIONAL, O TEATRO VAI À ESCOLA


10 de Novembro de 2011 a 06 de Janeiro de 2012





INFORMAÇÕES e RESERVAS

Marco Esteves

Tel.: 92 66 22 743

teatro@osboboseacorte.pt

O Prazer da Leitura


                                              http://rodasdeleituras.blogspot.com/2011/02/o-prazer-da-leitura.html
"(…) Vejo, assim, a cena original: a mãe ou o pai, livro aberto, lendo para o filho... Essa experiência é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afetiva da criança. Na ausência da mãe ou do pai a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas daquele mundo maravilhoso! Roland Barthes faz uso de uma linda metáfora poética para descrever o que ele desejava fazer, como professor: maternagem: continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso mesmo: na escola, o professor deverá continuar o processo de leitura afetuosa. Ele lê: a criança ouve, extasiada! Seduzida, ela pedirá: “Por favor, me ensine! Eu quero poder entrar no livro por conta própria...“


Toda aprendizagem começa com um pedido. Se não houver o pedido, a aprendizagem não acontecerá. Há aquele velho ditado: “É fácil levar a égua até o meio do ribeirão. O difícil é convencer a égua a beber“. Traduzido pela Adélia Prado: “Não quero faca nem queijo. Quero é fome“. Metáfora para o professor: cozinheiro, Babette, que serve o aperitivo para que a criança tenha fome e deseje comer o texto...


Onde se encontra o prazer do texto? Onde se encontra o seu poder de seduzir? Tive a resposta para essa questão acidentalmente, sem que a tivesse procurado. Ele me disse que havia lido um lindo poema de Fernando Pessoa, e citou a primeira frase. Fiquei feliz porque eu também amava aquele poema. Aí ele começou a lê-lo. Estremeci. O poema – aquele poema que eu amava – estava horrível na sua leitura. As palavras que ele lia eram as palavras certas. Mas alguma coisa estava errada! A música estava errada! Todo texto tem dois elementos: as palavras, com o seu significado. E a música... Percebi, então, que todo texto literário se assemelha à música. Uma sonata de Mozart, por exemplo. A sua “letra“ está gravada no papel: as notas. Mas assim, escrita no papel, a sonata não existe como experiência estética. Está morta. É preciso que um intérprete dê vida às notas mortas. Martha Argerich, pianista suprema (sua interpretação do concerto n. 3 de Rachmaninoff  me convenceu da superioridade das mulheres...) as toca: seus dedos deslizam leves, rápidos, vigorosos, vagarosos, suaves, nenhum deslize, nenhum tropeção: estamos possuídos pela beleza. A mesma partitura, as mesmas notas, nas mãos de um pianeiro: o toque é duro, sem leveza, tropeções, hesitações, esbarros, erros: é o horror, o desejo que o fim chegue logo.


Todo texto literário é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele surfa sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto se apossa do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se ele luta com as palavras, se ele não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos que ela termine logo. Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele que está possuído pelo texto que lê. Por isso eu acho que deveria ser estabelecida em nossas escolas a prática de “concertos de leitura“. Se há concertos de música erudita, jazz e MPB – por que não concertos de leitura? Ouvindo, os alunos experimentarão os prazeres do ler. (…)"

Rubem Alves

http://www.rubemalves.com.br/oprazerdaleitura.htm

Ministério vai reforçar tempos lectivos de ciências, físico-química e história




                                (Enric Vives-Rubio)


No 3º ciclo, haverá um reforço dos tempos lectivos de Ciências Naturais, Físico-Química, História e
Geografia, segundo a reforma de estrutura curricular apresentada esta segunda-feira pelo ministro da Educação, Nuno Crato.


No 7.º ano, História e Geografia terão cinco tempos lectivos de 45 minutos para dividir entre si em vez dos actuais quatro. No 9.º ano também lhes é dado mais um bloco. Ciências Naturais e Físico-Química ganharão mais dois blocos de 45 minutos, a serem repartidos por ambas, no 7.º e 8.º ano. No 9.º terão mais um. Esta alteração permite, segundo o ministério, colmatar a "clara insuficiência de carga horária" das ciências experimentais neste ciclo de ensino.

Desaparecerá Formação Cívica em todos os ciclos. Até agora, esta disciplina existia no 2º e 3º ciclos e no 10º ano.

No 2º ciclo passará a existir uma oferta diária de apoio ao estudo, continuando a ser facultativo para os alunos. Mas as escolas terão de organizar os seus recursos humanos de modo a oferecerem 45 minutos diários de apoio, esclareceu o responsável da Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, Fernando Reis, que chefiou o grupo de trabalho responsável pela proposta hoje apresentada.

O Inglês passa a ser uma disciplina obrigatória no 2.º e 3.º ciclos. No 2.º ciclo continua a existir só uma língua estrangeira, mas ao contrário do que sucedia actualmente a escolha ficará limitada ao Inglês.

A disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) passa a ser leccionada no 2.º ciclo quando hoje é dada no 9.º ano. A sua antecipação já fora sugerida pelo ministro Nuno Crato numa entrevista ao PÚBLICO.

Também se confirma que, no 2.º ciclo, a disciplina de Educação Visual e Tecnológica (EVT) será dividida em duas, "cada uma com programa próprio e cada uma com um só professor". Neste ciclo a EVT tem sido garantida com dois professores em sala de aula. Para Educação Visual serão reservados dois tempos lectivos de 45 minutos durante todo o ano lectivo. Já Educação Tecnológica terá que dividir com TIC os mesmos tempos lectivos. Segundo Fernando Reis, competirá às escolas decidir se esta alternância se fará ao longo do ano lectivo ou se cada uma destas duas disciplinas terá uma duração semestral.

Mas Educação Tecnológica desaparecerá da oferta do 9.º ano. No 3.º ciclo as disciplinas de Educação Visual e Tecnológica estão separadas e no 9.º os alunos podiam optar por uma delas. Esta possibilidade deixará de existir.

Na proposta que hoje foi apresentada aos directores, associações de professores e sociedades científicas prevê-se a possibilidade de criar uma nova disciplina de programação informática no secundário. No 12.º ano só existirá uma disciplina de opção em vez das duas actuais. Os alunos passarão assim a ter quatro disciplinas neste ano. Com esta medida pretende-se, segundo Fernando Reis, possibilitar "uma melhor gestão do tempo de estudo" dos alunos, uma vez que este é o ano terminal do ensino secundário.

No básico manter-se-á o reforço, já em vigor este ano dos tempos lectivos de Língua Portuguesa e Matemática, mas com a supressão das áreas disciplinares não curriculares ( Estudo Acompanhado, Área de Projecto - já eliminadas este ano - e Formação Cívica), as cargas horárias diminuem em todos os ciclos: no 2º passará de 33 blocos semanais de 45 minutos para 30; no 3.º mantêm-se os 34 blocos no 7.º ano, mas passará de 34 para 33 e de 36 para 32 no 8.º e 9.º ano respectivamente. No secundário a principal diminuição regista-se no 12.º anos que passará dos 13 a 14 blocos de 90 minutos para 10.

A proposta de revisão curricular estará em discussão pública até 31 de Janeiro. Deverá ser aplicada a partir do próximo ano lectivo.

O secretário de Estado da Educação, Casanova de Almeida, indicou que, sendo esta uma proposta para discussão pública, ainda não é possível "quantificar ao pormenor o que se vai passar em termos de recursos humanos" ou seja, quantos professores a menos serão precisos nas escolas. As alterações "não terão repercussões nos professores dos quadros", adiantou.
In Público Digital de 12 de Dezembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Menina que Detestava Livros

Ler mais Ler Melhor - Uma Questão de Azul Escuro

Uma Questão de Azul de Margarida Fonseca Santos


Um livro sobre a violência nas escolas, nas ruas, na vida
 Luís insiste em não tirar o fato de treino, que se adequaria aos dias de inverno que já foram embora. A professora, ao chamá-lo de parte para o ajudar a despir a camisola, descobre um mundo de sofrimento tapado pelas mangas e calças compridas - um sofrimento azul-escuro, feito de nódoas negras, uma paralisia assustada e muitos segredos.
Aprender a lidar com a violência e conhecer as ajudas possíveis será o próximo passo. E este será dado por toda a turma.
Um livro com ilustrações de Sandra Serra.

A Greve dos Poetas de Nei Duclós


















Os poetas fizeram greve
e todos os jardins saíram em passeata

Os poetas fizeram greve
e as palavras se aglomeraram nos bares para beber cachaça falsificada

Os poetas fizeram greve
e os lírios perderam sua última esperança e acabaram se suicidando em massa

Os poetas fizeram greve
e todos gargalharam. Menos a fada, que tocou o alarme

Os poetas fizeram greve
e ninguém deu aumento. Ao contrário, cortaram a subsistência de quem verseja na rua vestido de mendigo

Os poetas fizeram greve
e as autoridades mandaram trancafiar o amor para impor as negociações

Os poetas fizeram greve
e as hostes da defesa ficaram imobilizadas na fronteira, sem os tambores épicos das convocação

Os poetas fizeram greve
mas as crianças estão fazendo trabalho voluntário até ser resolvido o impasse

Os poetas fizeram greve
e se concentraram no fundo do mar, acobertados pelas sereias

Os poetas fizeram greve
e as mulheres ficaram à mercê do assédio inspirado no desprezo

Os poetas estão em greve! gritou o Grumete.
Não vai durar, disse Jack o Marujo. Ninguém vai correr o risco de ter sereia brava no alto mar

Acabou a greve dos poetas,
que recolhem as palavras bêbadas com a súbita liberdade. Voltem pra casa, dizem os ex-grevistas. Nós amamos vocês

No final da greve dos poetas,
houve um tsunami de lençóis

Nei Duclós, poeta brasileiro

Booktrailer Greve de Catarina Sobral da Orfeu Negro

GREVE de Catarina Sobral

Greve é o livro de estreia da ilustradora Catarina Sobral e também o primeiro título de uma autora portuguesa na colecção Orfeu Mini. Um dia, os pontos decretaram greve. Os pontos? Quais pontos? TODOS os pontos! Primeiro, foi a escrita foi a colapsar… Nas escolas, nos museus, nas fábricas, nos hospitais, ninguém se entendia. O ponto de fuga desapareceu. E o ponto verde. E o ponto de encontro. Tudo e todos chegavam atrasados. E era impossível fazer o ponto da situação. Até que…

(informação recolhida do blogue da Editora Orfeu Ngro)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Concurso - Conta-nos uma história!

O Ministério da Educação e Ciência (MEC), através da Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC), do Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) e do Plano Nacional de Leitura (PNL), em parceria com a Microsoft, lança a 3.ª Edição do concurso "Conta-nos uma história!" - Podcast na educação.
Esta iniciativa pretende fomentar a dinamização de projetos desenvolvidos pelas escolas de Educação Pré-Escolar e 1.º Ciclo do Ensino Básico que incentivem a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), nomeadamente tecnologias de gravação digital de áudio e vídeo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Diálogos Imaginários 2011/2012

O Plano Nacional de Leitura (PNL), a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) e a Associação Promotora do Museu do Neorealismo (APMNR), realizam, em 2011/2012 e em iniciativa conjunta, o Concurso Diálogos Imaginários - Manuel da Fonseca / Alves Redol, que conta com o patrocínio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, da Câmara Municipal de Santiago do Cacém e da Editora Leya.


O Concurso pretende premiar trabalhos produzidos por alunos do 3º Ciclo e do Ensino Secundário, editados em formato electrónico (ebook, blog, wiki,…) cujo tema se refira à obra dos dois escritores [centenário de nascimento em 2011] e seja demonstrativo da aquisição de competências expressivas e de saberes relacionados.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cartas aos Heróis de José Jorge Letria

Aqui fica a sugestão de um livro, para os mais pequenos, onde os heróis da banda desenhada e do imaginário infantil são os destinatários das cartas que o escritor José Jorge Letria resolveu escrever. O herói da banda desenhada criado por Hergé, Tintin, também é um dos contemplados na escolha do autor de literatura infanto-juvenil. Poderás lê-la, se requisitares o livro na Biblioteca da tua escola. Entretanto, transcrevemos a carta que o escritor dirigiu a outra personagem do imaginário infanto-juvenil, Gulliver. Lê-a e entusiasma-te.


Meu querido amigo,



Espero que te encontres bem no topo da tua altura de gigante das histórias do meu tempo de ser menino.
Tu foste o gigante e o anão dos meus sonhos enfeitados de mar e de chuva miudinha. Embarquei contigo nas naus que iam para toda a parte sem chegarem a parte nenhuma, e fui, como tu, marinheiro, soldado, aventureiro, conselheiro de reis e motivo de espanto para homens do tamanho de um polegar. Mas tudo a sonhar. Sempre e só a sonhar. Ai Gulliver, se tu soubesses como me fizeste perder o sentido da distância e a verdadeira medida das coisas. O que um dia era gigante, no outro tinha a pequenez de uma ervilha ou de uma pérola de orvalho.
Espero que te encontres bem e que, quando te apetecer sair do livro do Senhor Swift, me escrevas ou me telefones para eu ir contigo ao cais mais longínquo da bruma e da tempestade.
Tu deves saber onde eu moro, porque personagens como tu nunca se esquecem de quem as leu, amou e admirou.

Eu cresci contigo enquanto tu crescias e minguei a teu lado quando tu te tornavas anão. Contigo percebi que o nosso tamanho, na realidade, depende sempre dos olhos de quem nos vê.

Não te esqueças de dar notícias, porque eu continuo a ter um barco pronto para as grandes viagens que tu deixaste por fazer. É só fazer a mala e partir. A mala não: um saco de lona com a roupa leve que se deve vestir te esqueças de dar notícias. Ainda me hás-de ensinar de que forma é que os homens, as ilhas e os países mudam de tamanho no grande mar dos livros, no oceano dos sonhos mais antigos.

Carta de Hergé ao Tintin

Num tempo em que o cinema recupera o herói da banda desenhada Tintin, vale a pena ler a carta que o seu criador Hergé lhe dirigiu.

Meu Querido Tintin

Já há 35 anos que és meu filho, e é a primeira vez que te escrevo.
Quis, acima de tudo, que vivesses a tua vida. Vinte vezes partiste, para correr mundo. Durante esse tempo eu, de lápis na mão, e toneladas de papel à frente, sonhei com as tuas aventuras.
Assim, desde sempre, estivemos muito separados; e, simultaneamente, unidos pelos laços mais fortes que podem unir dois seres. Tenho o hábito frequente de me “corresponder” contigo, mas não por carta. Daí esta insegurança, esta leve emoção que sinto ao pegar na caneta para te escrever. Intimidas-me, Tintin!
Se me orgulho de ti?... É claro que me orgulho. Tens-me dado grandes alegrias, muitos sustos também, mas nunca o menor motivo de tristeza ou de descontentamento. Já houve um tempo – o da minha juventude – em que só queria era ser parecido contigo. Teria gostado de ter sido um herói sem medo e irrepreensível. Mas infelizmente foi uma ilusão, que há muito se esfumou… Já não transporto a palavra evangélica: “Sede perfeito, como o vosso filho é perfeito”.
Perfeito: se alguém o é, esse alguém és tu. Deveria sentir-me derrotado, rendido. Então porque esta sensação de estar levemente desiludido? Exactamente por seres demasiado perfeito.
Como é que eu, homem normal, nascido de pais normais, tive um filho que não é “como os outros”? Que pensas tu disto? Porque é que há em ti qualquer coisa (como explicar?...) que não é totalmente “humana”?
Coloquei grandes esperanças no Capitão Haddock. À força de andarem juntos, vocês os dois, ele deveria ter-se tornado, fatalmente, mais polido, e foi exactamente isso que não aconteceu; e tu, tu não te deixaste contagiar por nenhuma das suas grosserias, nenhuma das suas fraquezas, tu não lhe tomaste nada, nem mesmo um dedo de whisky.
Mas vou ficar-me por aqui: o meu punho foi suspenso por um anjo, colega daquele que por vezes avisa Milou de que é melhor não ir mais longe. Lançar-te numa carreira (ou por outras palavras, o jornalismo, na realidade a “chevalerie”): tenho o direito de o fazer. Mas, não é o papel de um pai guiar o próprio filho na escolha dos seus defeitos!
Salvé, meu pequeno garoto! Direi mesmo mais: salvé!
                                                                                                   
                                                                                                        Hergé
 

Mon cher Tintin  
Il y a déjà 35 ans que tu es mon fils, et c'est la première fois que je t’écris.
J’ai voulu, avant tout, que tu vives ta vie. Vingt fois tu es parti afin de parcourir le monde. Pendant ce temps, moi, crayon en main, et des tonnes de papiers devant moi, j'ai rêvé tes aventures.
Ainsi, depuis toujours, nous avons été séparés; et, simultanément, unis par les liens les plus forts qui peuvent unir deux êtres. J'ai l’habitude de me "correspondre" avec toi, mais pas par lettre. D'où cette insécurité, cette émotion légère que je ressens quand je prends la plume pour t’écrire.Tu m'intimides, Tintin!
Si je suis fier de toi?... Bien sûr que je suis fier. Tu me donnes de grandes joies, beaucoup de peurs aussi, mais jamais la moindre raison de tristesse ou de mécontentement. Il fut un temps - celui de ma jeunesse – où je voulais justement être comme toi. J'aurais aimé avoir été un héros sans peur et irrepreensible. Mais malheureusement, c'est une illusion qui a disparu depuis longtemps... Je ne supporte plus la parole de l'Évangile: ". Soyez parfaits, comme votre enfant est parfait»
Parfait: si quelqu'un l’est, ce quelqu’un c'est toi. Je devrais me sentir vaincu, me rendre. Alors pourquoi ce sentiment d'être un petit peu déçu? Justement parce que tu es trop parfait.
Comment moi, un homme normal, né de parents normaux, j’ai un fils qui n'est pas «comme les autres»? Que penses-tu de cela? Pourquoi il y a-t-il en toi quelque chose (comment expliquer? ...) qui n'est pas entièrement «humaine»?
J'ai mis de grands espoirs sur le capitaine Haddock. A force de marcher ensemble, vous deux, il aurait dû devenir, inévitablement, plus poli, et c'est exactement ce qui n'est pas arrivé, et toi, tu ne t’es laissé infecté par aucune de ses grossièretés, aucune de ses faiblesses, tu ne lui as rien pris, même pas un doigt de whisky.
Mais je vais rester ici: ma main a été arrêtée par un ange, un collègue de celui qui parfois avertit Milou qu’il vaut mieux ne pas aller plus loin. Te lancer dans une carrière (ou en d'autres termes, le journalisme, en fait la «Chevalerie»): j’ai le droit de le faire. Mais, ce n'est pas le rôle d'un père de guider son propre fils dans le choix de ses défauts!
Salut, mon petit garçon! Je dirai même plus: Vive!
                                                                                                   
Hergé

Tradução feita pelas professoras de Francês da Escola Infante D.Pedro, Carla Santos e Paula Ângela

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Os livros que os alunos leram no Mês das Bibliotecas Escolares

No pré-escolar



Uma miúda queria ir brincar para o pátio, mas estava a chover. A televisão transmitia um programa maçador e ela então pegou num livro ilustrado. Pouco convencida da leitura no início, acabou por ser interessar e enfiou-se (literalmente) nas histórias. Ou seja, caiu mesmo para dentro do livro. Até o Gato das Botas correr com ela dali para fora, ainda acordou a Bela Adormecida antes de o príncipe chegar, deu de caras com o Lobo Mau na cama com a avó do Capuchinho Vermelho e ia sendo comida.




No 1º Ciclo:



A menina que detestava livros, obra de estreia da indiana Manjusha Pawagi, é uma narrativa cujo tema anda à volta do gosto (ou da falta dele) pelos livros e pela leitura. Mina, a protagonista, detesta livros exactamente porque vive rodeada deles. Contudo, quando as personagens das histórias infantis acidentalmente saem dos livros a que pertencem, a menina vai ter que as ajudar, descobrindo a sua origem. Narrativa metafórica sobre a descoberta do prazer da leitura, o livro conta ainda com ilustrações que dão conta a forma como as personagens lidam a presença dos livros nas suas vidas, representando os momentos cruciais da intriga de final feliz. | Ana Margarida Ramos
inCasadaLeitura
        

                                                           No 2º Ciclo



No dia em que Leopoldo fez oito anos, os pais ofereceram-lhe dois livros, tal como acontecia em todos os aniversário desde que tinha nascido! Leopoldo sentiu-se tão triste e infeliz... não gostava mesmo nada de ler. Sempre que tentava fazê-lo, as letras começavam a misturar-se umas nas outras numa grande confusão de rabiscos pretos sem qualquer significado. Mas os pais não entendiam o seu problema e insistiam tanto para que ele lesse que um dia Leopoldo decide fugir de casa! É então que conhece alguém muito especial, um grande amigo, que descobre o que realmente se passa com ele e juntos começam a partilhar muitas e muitas páginas de aventuras, sonhos e fantasia...
                                                                      No 3º Ciclo



«Uma parábola sobre a impossibilidade de um conhecimento total, narrada com elegância, precisão milimétrica e meridiana clareza por Manuel António Pina – um dos nossos melhores poetas, além de mestre na arte de comunicar com os mais novos, sem facilidades nem infantilismos. [...]A excessiva sabedoria do Sábio é a sua maldição: mesmo quando se descobre cansado de viver, percebe que não se pode entregar à Morte, porque ela só o alcançará quando ele não a reconhecer (e ele reconhece tudo). A libertação implica uma saída do labirinto de livros em que se emparedou. E é apenas quando por fim enfrenta a realidade – descobrindo a verdadeira fome, a verdadeira compaixão, o verdadeiro sofrimento, o verdadeiro amor – que o Sábio se apercebe dos limites do seu vasto saber. É uma lição, claro. E das subtis: tão irónica quanto poética.»
José Mário Silva, Expresso

 

Biblioteca de papel

A leitura na idade do armário

Em suma, o adolescente não fecha a porta para sempre. Precisa de espaço e autonomia, pelo que não o podemos sufocar com a nossa prestável ajuda, como fazemos com as crianças. Temos também de perceber que está a construir o seu mundo a partir de estímulos diversos e simultâneos. Um livro adorado hoje será odiado amanhã, ou talvez não. E muito provavelmente um livro impenetrável hoje será legível amanhã. Para lermos com sucesso, temos de relacionar em permanência o que lemos com o nosso conhecimento prévio. Muitas vezes não damos por isso, mas sempre que lemos estabelecemos ligações. Por isso empatizamos com personagens, situações, descrições, ousentimos tristeza, nostalgia, medo, alegria, solidariedade, revolta. Se o livro estiver noutro hemisfério, para nós totalmente desconhecido, não o conseguimos ler. Pensando nos adolescentes e na instabilidade do seu desenvolvimento, a probabilidade de isto acontecer é muito maior. E é natural que assim seja.

A Promoção faz-se tentando e errando sempre. Muitos frutos não se vêem no imediato, não podemos cair na tentação de verificar se fizemos tudo bem, se o fizermos estamos a controlar a liberdade do outro e deitamos todo o trabalho por terra. Não há fórmulas milagrosas, há caminhos. Alguns não leitores nunca se tornam leitores, e têm esse direito. Muitos tornar-se-ão leitores selectivos, quando chegarem à idade adulta. É um mistério e uma maratona, necessariamente altruísta

( Andreia Brites, entusiasta promotora da leitura e blogue do Bicho dos Livros. Ler tudo, mas tudo mesmo, aqui.)

A Revista Ler aposta na escrita do público mais jovem


A revista Ler vai dedicar, a partir de Janeiro, um espaço para textos (ficção e não ficção) escritos por jovens entre os 15 e os 25 anos. Na senda de suplementos míticos como o Suplemento Juvenil do Diário de Lisboa ou o DN Jovem, que figuram na história da literatura portuguesa, a Ler incentiva não apenas a escrita, mas também a leitura da revista por parte deste público mais jovem. As informações constam na edição de Novembro da revista e no blogue da Ler.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Portugal, país - tema da Feira do Livro para Crianças e Jovens de Bolonha 2012




Portugal foi escolhido como o país-tema da Feira do Livro para a Crianças e Jovens de Bolonha do próximo ano, o que a todos nos enriquece e alegra. 
O cartaz da imagem apresenta as cerejas escolhidas como imagem da Exposição sobre a ilustração portuguesa que abrirá a 49ª edição da Fiera del Libro per Ragazzi, que inclui ainda um stand sobre Portugal, e onde palavras e imagens dos nossos autores estarão certamente em destaque. Em 2011, o país-tema foi a  Lituânia e em 2013 será a Suécia.

Ciberescolas da Língua Portuguesa em linha


A CiberEscola da Língua Portuguesa é uma plataforma de recursos interativos e cursos online de ensino do português e constitui um projeto único no universo de oferta editorial e institucional via Web.

A CiberEscola oferece: livre acesso, diversidade de níveis e áreas (do 5º ao 12º ano) e diversidade de temas (música e artes, viagens, tradições, desporto, histórias de vida,...) através dos quais se pode ir aprendendo, de forma autónoma e flexível, gramática, interpretação e escrita da língua portuguesa.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Colóquio Internacional de Literaturas de Língua Portuguesa para Crianças e Jovens

Nos dias 26 e 27 de Outubro, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa acolhe o Colóquio Internacional de Literaturas de Língua Portuguesa para Crianças e Jovens, que cruza autores e leituras para a infância e juventude de vários países de língua oficial portuguesa. O programa é diversificado, sem ser exaustivo. Para além do Colóquio, haverá uma Feira do Livro, uma exposição de Danuta Wojciecheowska, e diversas oficinas desenvolvidas com escolas cooperantes.



Teresa Calçada, coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares e comissária adjunta do Plano Nacional de Leitura é entrevistada na  revista Visão, de 20 de Outubro, para falar da revolução silenciosa [que] ocorre hoje nas escolas, graças às bibliotecas escolares e aos professores bibliotecários e que certamente também contribuiu para pela primeira vez, em 2010, [Portugal] atingir a média dos países da OCDE em literacia de leitura.


O que é hoje uma Biblioteca Escolar?

É, como sempre foi, um lugar de procura de saber. Mas hoje o que se procura, o que se encontra, o modo como se opera para encontrar, as tecnologias que usamos, não são apenas a tecnologia do livro – temos recursos em suporte papel e em suporte digital. E as bibliotecas escolares são também os professores bibliotecários. São eles os orientadores, quem transmite aos miúdos uma consciência dos méritos e das vantagens acrescidas, mas não escondendo os seus perigos – no sentido da ilusão de que tudo o que está na internet é verdadeiro. A era da web não pode viver só da destreza, tem de viver de competências que não são inatas. Nenhum leitor nasce leitor. E isso é válido tanto para a tecnologia do livro como para o ambiente digital. Os leitores fazem-se com trabalho, com produção, com prática continuada.

Segundo o último estudo do PNL, o interesse dos jovens pela leitura aumentou e 52, 4 % consideram-na agora muito importante. As bibliotecas escolares tiveram um papel nessa mudança de atitude?

Quero crer que sim. O estudo demonstra que há um trabalho de retaguarda da Rede de Bibliotecas Escolares, que há mais miúdos a frequentá-las, uma melhor qualificação e que a oferta se vem adequando aos tempos. Costumo dizer que as bibliotecas escolares são a infraestrutura, e o PNL, uma espécie de supraestrutura, que trouxe uma narrativa construída para divulgar a leitura como um bem, valorizá-la socialmente, torná-la uma imagem de marca. Os miúdos habituam-se a que “LeR+” não é uma coisa “cota”, os pais associam “LeR+” a uma marca de qualidade, e isso trouxe, objectivamente, como verifica este estudo, uma valorização da leitura.

O que é ler com competência?

Primeiro, é ganhar o código de leitura. Tal como andar de bicicleta ou nadar, o que exige tempo e persistência. Depois, é necessário ter mecanismos para perceber o que os miúdos, mesmo lendo com destreza, não entendem porque ler é interpretar. Muitos meninos acabam o 4º ano sem essa competência bem cimentada. Estão condenados a serem maus leitores, logo maus alunos, em muitos casos reproduzindo a exclusão que transportavam à entrada da escola. Os estudos do PISA demonstram que em Potugal a escola é inclusiva, e a biblioteca ajuda também nesse trabalho. Tendo em conta que quando entra na escola um menino de uma família mais letrada está logo condenado a ler melhor porque tem o triplo do vocabulário de outra criança de famílias menos letradas, percebe-se a importância do trabalho da escola e da biblioteca.

Em época de crise, o papel das bibliotecas é ainda mais importante?


Acho que sim. Falamos sempre das bibliotecas como locais de inclusão, quer pelos recursos que têm quer pelo facto de quem as governa desempenhar um trabalho que muitas vezes as famílias não fazem porque não sabem ou porque não podem. Quanto mais vivemos no mundo da informação (e hoje a atravessar momentos de menor abundância), mais as bibliotecas, como lugar de abundância, devem ser usadas em rede. Tenho consciência de que, no caso das bibliotecas escolares, o que verdadeiramente faz a diferença é ter lá pessoas que governam as bibliotecas. Se assim não for, são subaproveitadas. 


Fonte: Visão, 20 out.2011

Concurso Nacional de Leitura

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um livro, um painel, no Jardim de Infância de Buarcos

A leitura dos livros que apresentamos, no Jardim de Infância de Buarcos, deu azo à criação dos painéis que mostramos. A leitura de um bom livro é sempre um lugar fértil para a imaginação e a critividade.