quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Valter Hugo Mãe à conversa com Paula Moura Pinheiro

O poeta e escritor Valter Hugo Mãe foi o convidado do programa Câmara Clara do passado domingo, dia 18 de Setembro. Na conversa que teve lugar entre o autor e Paula Moura Pinheiro, falou-se da sua obra literária, do seu percurso de poeta e de escritor, das suas preferências em termos de livros, filmes e música e do êxito que obteve recentemente na Festa Literária Internacional de Paraty no Brasil. Um sucesso surpreendente e inesperado, resultante de um texto que escreveu no iphone a caminho da festa e que surtiu um efeito estrondoso no público. De tal maneira intenso que Valter Hugo Mãe se recusa a aceitar no imediato os inúmeros convites que recebe para regressar ao Brasil, na tentativa de dar tempo aos leitores brasileiros de se encontrarem com a sua obra e de a conhecerem melhor. Este episódio deu azo a uma troca de opiniões entre os dois interlocutores sobre as armadilhas do reconhecimento que se colocam a um escritor, sobre as expectativas dos outros em relação ao trabalho de um escritor. A conversa seguiu depois para a explanação dos afectos como eixo essencial da obra de Valter Hugo Mãe, nas palavras de Paula Moura Pinheiro. Uma presença que se evidencia logo no pseudónimo literário adoptado pelo escritor “Mãe” e que assinala a importância da figura materna no seu desenvolvimento pessoal. O trilho dos afectos, da reclamação do amor, da intransigência da candura surge como denominador comum de uma obra em que as personagens com dificuldades acrescidas como os velhos, as crianças, as mulheres maltratadas pelos homens e pela vida, os doentes, os pobres e os homossexuais surgem como centrais, revelando uma resistência enorme para viverem e serem felizes. Esta empatia e preferência pelos excluídos e pelos malditos marca a escrita de Valter Hugo Mãe e reflecte a experiência da sua adolescência em que se sentia marginalizado pelos colegas por ter hábitos diferentes. Nesta conversa, houve ainda tempo para compreender melhor o poeta e o escritor, conhecendo as suas escolhas em termos de música, cinema e livros. Estas recaíram sobre a música “Strange Fruit” de Billy Holiday, o filme “O Navio”de Frederico  Fellini e o livro “A Metamorfose” de Franz Kafka.
Para além do prazer da conversa, ficou a vontade enorme de ler rapidamente o último livro do escritor, recentemente editado, “O Filho de Mil Homens”. A promessa de um reencontro com uma escrita que nos ajuda a manter o Verão dentro de nós.

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