Esqueço-me de mim e sigo a sua dança
agitada pelo vento,
vou ao encontro das águas,
alegro-me em seu manto prateado.
O rio sou eu e eu sou o rio.
Como gostaria de não ser mais eu
e ser este rio em liberdade
conhecedor do seu percurso
a antever a agitação do mar.
Tenho sede e a minha água
não a posso beber.
Mergulho até ao fundo do rio
e fico a observar-me deste lado,
na quietude da tarde ensolarada.
O rio sou eu e eu sou o rio.
Nele quero navegar
ao sabor da cadência do seu curso,
meditar sem tempo
arredada do bulício do mundo,
procurando a foz do meu destino.
Mas mais não posso do que contemplar
neste instante de paz e devaneio
em que feliz me fundo com o rio.
Manuela Azevedo
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