Se a Educação é o melhor
passaporte para a mobilidade social e a liberdade um valor que prezamos, não é
evidente que todos pais devem ter liberdade de escolher como e onde querem
educar os seus filhos, independentemente do seu nível económico? Esta discussão
tornou-se sazonal com a divulgação das classificações dos estabelecimentos de
ensino secundário e tem subido de tom, primeiro a propósito dos cortes estatais
nos contratos de associação que financiam as escolas privadas e, mais
recentemente, com a anunciada intenção do actual Governo de que terminará a
obrigação de escolher a escola por área de residência Até que ponto a visão de
cada um não reflecte os seus interesses concretos no assunto (no caso de ser
pai, nomeadamente), que podem não ser os da sociedade? E será que, mesmo sem um
interesse concreto e imediato como pai, aluno ou professor, temos discutido o
problema de um modo descomprometido, isto é, sem papaguear a cartilha da defesa
intransigente do modelo vigente da escola pública, tão caro à esquerda, e
também sem um alinhamento às cegas com a direita e os movimentos cívicos de
inspiração liberal que defendem a liberdade de escolha? Até que ponto este
acantonamento ideológico nos impede de lidar com um problema que, pondo em
conflito os valores da igualdade e da liberdade, talvez só admita uma solução
de compromisso? Qual seria então a melhor alternativa para tornar obsoleto o
expediente das moradas fictícias, mas evitando a segregação social que muitos
temem ser inevitável num sistema absolutamente liberalizado, em que aos pais é
dada a ilusão de escolha e as escolas, na prática, seleccionam? Podemos
aprender com as experiências de outros países? Ao longo desta semana, iremos
abordar estas e outras questões com o painel de convidados e todos os interessados
no tema. Alexandre Homem Cristo, Paulo Guinote, David Justino e Hugo Mendes têm
percursos diversos mas um denominador comum: são académicos que pensam,
escrevem e discutem o sistema de ensino com a preocupação de encontrar
evidência empírica que sustente as suas posições. O que peço a cada um, no
arranque deste debate, é um exercício de imaginação, para que quem nunca vos
leu conheça a vossa posição mais inconfessável sobre o assunto: que descrevam
sucintamente o sistema de ensino ideal para Portugal, sem receio de parecerem
utópicos.
Acompanhe o debate on-line aqui.
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