terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Uma Estrela de Manuel Alegre



Em Uma Estrela, o autor, Manuel Alegre, recorda com nostalgia o ritual de preparação do presépio, quando era criança. A comandar os trabalhos, cuidadosamente planeados, lentos, realizados por fases, culminando com o aparecimento do Menino Jesus, no dia de Natal, estava a sua avó, Margarida, belamente retratada pela ilustradora do texto, Cristina Valadas, logo a abrir o livro, e emotivamente recordada pelo autor da prosa. “Mas mágica, verdadeiramente mágica, era a avó. Era ela que fazia o milagre da transfiguração, trazia o Natal para dentro de casa e levava-nos a todos até Belém”, afirma ele.
Neste livro, Manuel Alegre mistura muito poeticamente as suas recordações de infância com as dos Natais que passou no exílio, em adulto. E lembra uma noite de Natal, em particular, em que, estando sozinho, em Paris, entrou num bar e encontrou três desconhecidos, solitários e estrangeiros, um velho, um africano e um terceiro homem, com cara de eslavo. Cada um deles contou uma história de Natal do seu país. No fim, saíram para a rua e o africano apontou para uma estrela, que brilhava mais do que as outras, no céu. O autor afirma ter reconhecido a estrela da avó, brilhando no céu e dentro dos seus companheiros. Estes identificaram-se. E um leitor, que não seja criança – porque este é um livro muito belo e poético, que não se destina só a crianças, embora possa ser compreendido por elas – consegue já adivinhar quem era os três desconhecidos que Manuel Alegre encontrou em Paris. Uma Estrela é um belo elogio ao Natal, como época de fraternidade entre os homens.
Mário Braga, in leitura@gulbenkian

Sem comentários:

Enviar um comentário